quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Conto de nós quatro.


(...), uma delas fala que não sente falando o que deveras sente. É o conto de nós quatro. Uma chora dos amores impossíveis sabendo da própria impossibilidade pessoal de, então, amar. Fala do amor com plenitude, fala do amor com arrogância e descrença. Desacredita da verdade absoluta, mas com absoluta certeza, gostaria de não mais desacreditar. Ela se cansou do cansaço diário, fala mansinho e vagarosamente, fala mansinho, fala forte e fala alto, ela também fala o que deveras sente. Fala verdades, meia verdade, às vezes nem fala e outra vezes, muito menos, se cala.
Uma odeia demasiadamente a si própria pelo singelo detalhe de se amar demais. Tem um autocontrole exacerbado que quase sempre perde as rédeas da própria meada de sua historia completamente sem sentido nenhum. Faz parte de um mundo que, sinceramente, ninguém reconhece ou admite que exista. Faz teatro, faz peça, faz cena e faz amor demais pra alguém que gostaria de ser um pouco mais feliz, estável e realista. Fala fino, fala doce, fala amargo e às vezes até azedo. Fala o que acha que deve e deveria apenas nem cogitar a idéia de pensar em falar, às vezes. A outra é dura como rocha e mais doce que cubo de açúcar. A rocha então quase sempre se desfaz naquelas fortes tempestades constantes de chuva ácida. Essa sente quase tudo o que não fala, fala quase tudo o que não sente, às vezes acha que ela também deveras, mais do que as outras, sente. Eu sinto que existe uma outra que, deveras, fala demais das outras que , às vezes, quase acham que sentem.