quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Indiferença não existe.

De fato, tenho dito que o extremismo não leva a lugar nenhum. O extremismo não é nada além de uma raiva interna que consome e desintegra as virtudes e os sentimentos civilizados humanos. Os piores exemplos dessa mesquinharia deram por fim raças inteiras e levaram países a guerras mundiais e mortes em massa, sem exageros.
Sei que todo ser humano é composto por sentimentos compreensíveis e sentimentos individuais duvidosos e obscuros até para o mesmo. O homem é incapaz de compreender suas ações e atitudes, é como se fossemos mistério do nosso próprio corpo.
Diariamente convivemos com coisas que nos trazem um malefício soberbo, no entanto, pouco ligamos e, quase sempre, todas as coisas que nos remetem certo tipo de incerteza e proibição nos levam a sentir grandes doses de puro prazer.
Certamente sabemos dos nossos riscos, mas não podemos dizer que os conhecemos. Dos riscos os quais sabemos, sabemos também que são apenas hipóteses onde nem todas as ações levam às mesmas conseqüências e resultados. É como se na esfera dos acontecimentos, a lei de Newton fosse severamente contrariada, onde nem toda ação sofre uma reação. Quantas vezes andamos por aí sabendo de casos e histórias que nos causaram impacto, mas foram meramente acontecimentos naturais aos olhos das outras pessoas?
Eu posso-lhes afirmar que qualquer sentimento humano, por mais inexpressivo que seja, é conhecido como reação. A raiva, a angústia, a tristeza, a revolta, são sentimentos de reação inflexiva, reações que agem por si só, assim mesmo, sem precisar pensar. Apresento-lhes então reações que às vezes não recebem essa conotação pela simplicidade da resposta, por serem tão inexpressivas, eis ai a o que todos nós conhecemos por indiferença.
Se fosse possível fazer uma analise sobre a indiferença, eu afirmaria seguramente que esta não existe. Creio que seja anti-humano e atípico um sentimento que ignora os demais sentimentos dos homens. Sentimento que abala, cala e silencia as raivas e demais reações completamente naturais na nossa existência mundana, como diria Freud. É visivelmente explicável que mesmo quando dizemos que certa coisa não mais nos atinge, elas continuam atingindo, sendo então, de uma nova forma, uma outra maneira de enxergar e reagir à determinada conduta. Se for necessário explicar-lhes com exemplo, eis ele então: Quando gostamos profundamente de alguém e não somos correspondidos, criamos em nós um sentimento de desprezo e o sentimento em relação ao outro aumenta a cada dia. O tempo passa, as coisas mudam e acabamos nos acostumando com as situações do cotidiano e percebemos que determinadas pessoas não foram destinadas, explicitamente, a nós. Então, de repente, vemos o jogo se inverter. Nós, que antes sofríamos por coisas que, a meu ver, não deveriam causar o mínimo sofrimento, nos enxergamos como protagonistas da situação amorosa, de amantes passamos, enfim, a sermos amados. Mas o tempo passou, o jogo virou e aí dizemos o velho e péssimo hábito errôneo: “Eu não sinto raiva por tudo que passou, mas agora estou indiferente”. Eis então que nessas horas tenho vontade de matar o cidadão que ousa usar essa palavra TENEBROSA chamada indiferença. Posso afirmar que você não sente indiferença. Já passou pela sua cabeça que o que você sente atende apenas pelo simplificado conceito de não sentir mais amor? Apenas isso, amor. Você não ama mais, mas ao mesmo tempo por dentro sofre de uma súbita euforia e um sentimento inexplicável de êxtase que faz com que seu ego cresça exuberantemente. Apenas pelo fato de saber que a historia se inverteu e mesmo que não haja mais amor, milhares de sentimentos explodem em você, e você, pessoa de poucas palavras, misterioso, que não consegue entender o comportamento de seu próprio corpo, vem dizer que sofre de indiferença? Faça-me favor.

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